Um
professor de uma escola pública agrediu hoje o repórter cinematográfico Leandro
Matozo, profissional da GloboNews, em frente ao Santuário de Nossa Senhora
Aparecida, na cidade de Aparecida, localizada no interior de São Paulo. Matozo
e o jornalista Victor Ferreira se preparavam para entrar ao vivo no canal. Os
jornalistas cobriam as comemorações do dia da padroeira do Brasil.
O agressor
se aproximou e ofendeu a equipe com xingamentos. Ele teria dito: "se eu
pudesse, matava vocês". Em seguida, mesmo diante de policiais militares,
se aproximou de Matozo e deu uma cabeçada em seu rosto. O cinegrafista teve
sangramento no nariz.
O
cinegrafista relatou o seguinte, no twitter: “No final da tarde, nossa equipe
decidiu gravar na parte externa da igreja, quando fomos surpreendidos por um
apoiador do Presidente Bolsonaro. Ele nos abordou com xingamentos contra a TV e
não parou. Em um determinado momento, disse: SE PUDESSE MATARIA VOCÊS. Após
essa ameaça, meu parceiro Victor Ferreira gritou para os policiais que estavam
próximos. O agressor continuou me insultando e, em seguida, deu uma cabeçada no
meu rosto. Meu nariz sangrou muito na hora. As medidas judiciais já estão em
andamento. A LIBERDADE DE IMPRENSA É ESSENCIAL PARA O PROGRESSO DESSE PAÍS. NÃO
VÃO NOS CALAR!!!”.
De acordo
com o SJSP (Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo), o
agressor se chama Gustavo Milsoni. Ele é professor da Escola Estadual Cid
Boucault, em Mogi das Cruzes (São Paulo) e apoiador do presidente Jair
Bolsonaro (sem partido).
O repórter
Victor Ferreira fez um relato do que aconteceu em seu perfil no Twitter. Ele
pontuou que hoje "deveria ser uma cobertura mais tranquila", até serem
surpreendidos com as agressões.
PM não conduziu agressor para delegacia
Ainda de
acordo com jornalista, a Polícia Militar "não quis conduzir o agressor para
a delegacia" para não "prender a viatura". O homem, então, foi
liberado e "ainda pegou carona no carro da PM para voltar ao
santuário".
O UOL
questionou, por email, a Polícia Militar e a Secretaria da Segurança Pública de
São Paulo a respeito da atitude dos policiais militares. Se houver resposta, o
texto será atualizado.
"O
mais triste é saber que o agressor é um professor de educação básica de uma
escola estadual de Mogi das Cruzes", afirmou Victor Ferreira.
O SJSP
repudiou as atitudes do agressor quanto a postura da PM, que não conduziu o
homem "apesar do flagrante ato".
"O ato
covarde se insere num contexto de intimidação cada vez mais recorrente de
profissionais de imprensa que estão nas ruas para cumprir a função social de
levar informação às pessoas", diz a nota.
Confira a íntegra da
nota do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo
O repórter
cinematográfico Leandro Matozo, da Globonews, foi covardemente agredido por um
apoiador do presidente Jair Bolsonaro na tarde desta terça-feira (12) no
Santuário de Nossa Senhora Aparecida, no interior de São Paulo.
O agressor
se chama Gustavo Milsoni e trabalha como professor na Escola Estadual Cid
Boucault, em Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo.
Matozo
estava acompanhado pelo repórter Victor Ferreira, também da Globonews. Eles
estavam se preparando para fazer um link ao vivo para a emissora quando foram
abordados pelo agressor.
O agressor
ofendeu a equipe com xingamentos e afirmou: “se eu pudesse, matava vocês”.
Diante de policiais militares que faziam a segurança do evento, se aproximou de
Matozo e deu uma cabeçada em seu rosto. O repórter cinematográfico teve
sangramento no nariz, mas passa bem.
Os
policiais militares conduziram o agressor e os jornalistas até uma companhia da
PM e registraram apenas uma Notificação de Ocorrência. Não quiseram levar o
agressor para a delegacia, apesar do flagrante do ato. E ainda levaram o
agressor de volta ao santuário em uma viatura.
O ato
covarde se insere num contexto de intimidação cada vez mais recorrente de
profissionais de imprensa que estão nas ruas para cumprir a função social de
levar informação às pessoas.
A agressão
é um ato de ataque à liberdade de imprensa. Atinge a ponta mais exposta nesse
processo, que é o profissional da comunicação. Um trabalhador que, no Dia das
Crianças, deixou seu filho em casa para trabalhar e é agredido de maneira
covarde.
O Sindicato
dos Jornalistas exige da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo
e do governo de João Doria que esta agressão não seja relativizada ou
negligenciada para que, desta forma, o agressor responda judicialmente na
medida de seus atos.
Exige,
ainda, que episódios como esses sejam investigados com rigor e que os
responsáveis sejam punidos.
É urgente que se interrompa essa escala de violência contra os trabalhadores da comunicação antes que algo mais grave aconteça.